Os brutos também amam

Foi com grande decepção que assistia ao Oscar e vi "Brokeback Mountain" perder. Acho que a decepção foi maior ainda quando fui ao lançamento do filme nos cinemas daqui e só encontrei alguns adoradores de cinema, algumas beees e poucos curiosos. Tenho duas teorias: ou as pessoas não foram ver o filme por questão de intolerância e preconceito, ou ser indicado ou vencedor do Oscar não quer dizer mais muita coisa. É uma pena, mas as pessoas deveriam assistir o filme. Uma grande e linda história de amor é coisa rara nos filmes de hoje. O peão Jack (Jake Gyllenhaal) e o vaqueiro Ennie (Heath Ledger) se conhecem no trabalho em uma montanha isolada, a chamada Brokeback Mountain. Isolados no meio das montanhas e de tantas ovelhinhas, iniciam um delicado relacionamento amoroso. O filme me passou uma breve melancolia, a natureza como refúgio para a liberdade, o sufoco do ser humano vivendo em sociedade. Ang Lee ("Razão e sensibilidade" e "O Tigre e o Dragão") mostra toda a sua eficiência na direção, transformando o filme baseado num conto de Annie Proulx num clássico contemporâneo. Tudo é perfeitinho: fotografia(transformaram os comerciais da Marlboro em longa?;P) , interpretações (Michelle Williams me surpreendeu), trilha sonora (lembra "Paris, Texas"). A escolha de Ledger e Gyllenhaal também foi muito bem-feita. Ledger finalmente vai deixar o karma de "Coração de Cavaleiro" no papel doowboy durão e enrustido e,Gyllenhaal acostumado aos papéis de rejeitadinho "cão sem dono" de "Donnie Darko" faz o cowboy mais "resolvido" e "esperto". A próxima empreitada de Ang Lee vai ser filmar a biografiia da cantora inglesa lésbica Dusty Springfield,com Charlize Theron no papel principal. Promete!